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Observat%C3%B3rio_das_Pr%C3%A1ticas_Musi

Sobre

O Observatório de Práticas Musicais constitui-se como um lugar de onde se observam as práticas musicais, entendidas em sua forma mais ampla: desde as práticas ligadas mais diretamente ao fazer musical até práticas de educação musical.


Soares, Ferneda e Prado (2018, p. 88) afirmam ser possível considerar “observatório” como “um local, devidamente equipado com recursos humanos e tecnológicos, para realizar observações e acompanhar determinados fenômenos, divulgando informações e atendendo a uma finalidade. Os fenômenos se referem ao tema que será explorado pelo observatório e a finalidade se refere ao objetivo que observatório deverá atender. O conhecimento produzido pelo observatório é resultado de suas observações e dos procedimentos que desenvolve ao examinar atentamente”.


Como afirmado anteriormente, a temática sobre a qual nosso observatório se debruça são as Práticas Musicais: desde práticas ligadas mais diretamente ao fazer musical, até práticas de educação musical. As finalidades são compreender essas práticas, desvendando seus princípios ou códigos de organização.


Práticas serão aqui entendidas dentro do referencial bourdieusiano: resultado de disposições de habitus em ajustamento com os diferentes campos, seguindo um “senso prático” - senso de orientação e senso do jogo, simultaneamente, que é o que permite aos agentes se adaptarem a um número infinito de situações sem seguir explicitamente uma norma, uma regra, ou um código transmitido (postura que a abordagem estruturalista mecanicista é incapaz de explicar), mas sem que por isso eles obedeçam ao livre decreto de seu pensamento, como pretendem as teorias subjetivistas e racionalistas.


O que torna possível esse “ajuste” é o habitus: princípio gerador de esquemas de percepção, de avaliação e de ação. “Resultado de um processo de interiorização de estruturas sociais sob a forma de disposições no decorrer da socialização primária e secundária, ele está na origem da capacidade dos agentes de desenvolver estratégias, mais ou menos ajustadas às situações vividas, enquanto a noção de estratégia remete à margem de improvisação dos agentes em função de suas disposições. Mas a adequação perfeita entre as situações vividas e as estratégias não passa, no entanto, de um caso particular do possível” (SAPIRO, 2018, p. 297).


Mais recentemente, temos nos aproximado da Teoria dos Códigos de Legitimação, propostas por Karl Maton (2010, 2014), que propõe um diálogo entre a teoria dos campos, de Pierre Bourdieu, e a teoria dos códigos, de Basil Bernstein. A estrutura teórica proposta por Maton (2014) permite que a pesquisa vá além da superfície das situações empíricas, explorando seus princípios ou códigos de organização. Os objetivos da TCL são acessar os “códigos genéticos” das práticas, para revelar as regras fundamentais do jogo, ou as bases de conquista (legitimação) de diferentes contextos, as maneiras como eles se desenvolvem ao longo do tempo, o que eles permitem e constrangem, e como eles se relacionam com as disposições que os atores trazem para estes contextos.


Duas principais linhas de pesquisa são abrigadas no Observatório das Práticas Musicais: (i) Educação Musical e (ii) Performance Musical.


Em Educação Musical, temos tomado como objetos de pesquisa o currículo, compreendendo-o como uma prática educativa, bem como as práticas de ensino de música nos mais variados contextos, como a educação básica, o ensino superior, as escolas especializadas de música e outros contextos educativos.


No que se refere à Performance Musical, especial foco tem sido dado à canção de câmara brasileira, na interface com os Grupos de Pesquisa Resgate da Canção Brasileira (UFMG), Acervo de Partituras Hermelindo Castello Branco (UFPel) e Africanias UFRJ.

Referências

MATON, Karl. Knowledge and knowers: Towards a realist sociology of education. London: Routledge, 2014.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia - Tomo 4 (Q - Z). São Paulo: Edições Loyola, 2001.

SAPIRO, Gisèle. PRÁTICA (Teoria da). In: CATANI, Afrânio M.; NOGUEIRA, Maria Alice; HEY, Ana Paula; MEDEIROS, Cristina de (Orgs.). Vocabulário Bourdieu. São Paulo: Autêntica, 2018.


SOARES, Lilian Campos; FERNEDA, Edilson; PRADO, Hércules Antonio do. Observatórios: um levantamento do estado do conhecimento. Brazilian Journal of Information Studies: Research Trends, v. 12, n. 3, p. 86 - 110, 2018.

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